Especialistas em café que trabalham para corretoras de commodities estão pegando as estradas estreitas e sinuosas no estado de Minas Gerais, enquanto percorrem o cinturão do café, verificando as perspectivas da safra de 2022 no momento em que os preços se aproximam dos níveis mais altos em 10 anos.
Este tem sido um ano difícil para a cafeicultura brasileira, maior produtor mundial. Os preços dispararam após uma seca e, posteriormente, geadas arruinaram até 20% dos cafeeiros, afetando a produção futura. Até agora, aqueles que estudam as safras produziram estimativas amplas para a safra de 2022, embora os comerciantes por enquanto ainda apostem em uma safra menos frutífera.
As pessoas que caminham pelos campos descobrirão a verdade disso entre agora e o final de janeiro, o momento ideal para a avaliação da safra.
"As chuvas que se seguiram às geadas e secas produziram uma bela floração, mas agora temos que ver quantas delas vão se transformar em cerejas", disse Ryan Delany, analista-chefe da Coffee Trading Academy LLC dos Estados Unidos.
Os futuros do café arábica na ICE subiram mais de 90% este ano após a seca, geadas e, em seguida, uma escassez global de contêineres que prejudicou o transporte. A alta de preços levou os produtores no Brasil, na Colômbia e em outros lugares a não pagar as entregas de café pré-vendido.
Durante as viagens, os especialistas tentam contar as cerejas com cabeça de alfinete nos galhos para fazer projeções mais detalhadas. Até agora, as estimativas divulgadas variam enormemente.
A analista de soft commodities Judy Ganes, que esteve recentemente no Brasil com o colega analista Shawn Hackett, estimou a produção de arábica no Brasil em cerca de 36 milhões de sacas, uma das menores projeções do mercado.
Ganes diz que a saúde vegetativa das árvores foi prejudicada pela seca e geadas, algo que outros não estão contabilizando totalmente. Ela espera que a safra total do Brasil (incluindo a variedade robusta) chegue a 55 milhões de sacas, longe da safra recorde de 2020, a safra "no ano" anterior no ciclo de produção bienal, que atingiu cerca de 70 milhões de sacas.
Jonas Ferraresso, um agrônomo brasileiro de café, diz que o florescimento foi generalizado depois das chuvas de outubro, mas a conversão em frutos foi abaixo do normal.
"Muitas árvores desenvolveram novas folhas nos galhos em vez de bagas, um desenvolvimento incomum provavelmente relacionado à forte seca no início do ano", disse ele.
Outros são mais positivos.
O Rabobank, especializado em financiamento agrícola, espera uma safra de 66,5 milhões de sacas, não muito longe do recorde, acrescentando que tal produção geraria um superávit global de 3 milhões de sacas e cortaria os preços abaixo de US $ 2 por libra em 2022. Comerciante baseado nos EUA Cardiff O café tem produção de 63,1 milhões de sacas.
Paulo Armelin administra uma fazenda de 220 hectares na região de Patrocínio, em Minas Gerais, onde as geadas foram mais fortes. Ele disse que cerca de 20% de seus campos foram atingidos pela onda de frio e não produzirão no próximo ano, mas o restante não foi afetado.
"Pelo menos na minha fazenda, a floração foi boa e a conversão em cerejas parece boa", disse ele.
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